Sexta-feira, 25 de julho de 2025

“Cristo está em Gaza”: líderes cristãos denunciam destruição e clamam por paz

Em coletiva de imprensa, patriarcas das igrejas latina e ortodoxa relatam cenário de devastação após visita pastoral feita à comunidade cristã onde igreja foi destruída por Israel

Na manhã desta terça-feira (22/7), em Jerusalém, os patriarcas das igrejas latina e ortodoxa prestaram um forte testemunho da crise humanitária que afeta Gaza. O cardeal Pierbattista Pizzabala, patriarca latino, e Teófilo III, patriarca ortodoxo, relataram à imprensa internacional os impactos da visita pastoral feita à comunidade cristã da Faixa de Gaza, após o bombardeio israelense que atingiu a igreja da Sagrada Família na quinta-feira (17/7). O ataque deixou três mortos e dez feridos.

Diante de mais de cem jornalistas do mundo todo, muitos dos quais sem acesso direto à região devido à proibição imposta pelo governo israelense, os dois líderes religiosos descreveram um cenário de destruição, sofrimento e resistência. A coletiva começou com a exibição de um vídeo que mostrou as ruínas deixadas pelos ataques, seguido pelos pronunciamentos emocionados dos patriarcas.

“Gaza é uma terra ferida por uma aflição prolongada e perfurada pelo choro do seu povo. Entramos como servos do corpo sofredor de Cristo, caminhando entre os feridos, os desalojados, as pessoas em luto”, afirmou Téofilo III. Ele destacou a força e a fé dos moradores locais e fez um apelo incisivo à comunidade internacional. “O silêncio diante dos que sofrem é uma traição à própria consciência. E aos poderosos recordamos as palavras do Senhor: ‘Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus’.”

O cardeal Pizzaballa ressaltou a dignidade e a resiliência da população. “Nas praias, vimos milhares de tendas que se tornaram o lar de quem perdeu tudo. Crianças que brincam como se já tivessem se acostumado ao barulho das bombas. E, mesmo assim, mães cozinham, enfermeiros cuidam dos feridos, e todos ainda rezam. Cristo está em Gaza, crucificado, entre os feridos, sepultado sob os escombros e presente em cada ato de misericórdia, uma vela na escuridão, cada mão estendida para o sofredor”, disse.

Ambos reforçaram que a missão não se restringiu aos cristãos. “Nossos hospitais, escolas e abrigos são para todos — cristãos, muçulmanos, crentes e não crentes”, afirmou o cardeal. Ele criticou duramente as condições de vida no enclave, classificando a fome como uma “humilhação moralmente inaceitável”.

Além disso, os patriarcas ainda comentaram a promessa de entrada de 500 toneladas de ajuda humanitária, cuja logística ainda está sendo planejada. “Hoje Gaza é uma terra sem lei”, lamentou Pizzaballa. Ele destacou que muitos moradores ainda falam no presente sobre suas casas e comércios, como uma forma de resistência diante da destruição.

Ao final, os líderes renovaram os apelos por um cessar-fogo imediato e por uma paz justa. O cardeal revelou ter recebido uma ligação do Papa Leão XIV, que expressou apoio à missão e reiterou o compromisso da Igreja em buscar uma solução duradoura para a tragédia. “Chegou a hora de acabar com essa insensatez. Gaza está quase completamente destruída. É preciso colocar o bem comum das pessoas acima de tudo.”, declarou Pizzaballa.

 

 

 

 

Fonte: Correio Braziliense