Tarifa de energia do Pará segue acima da média nacional, que é de 0,740kWh, segundo a Aneel
Com a manutenção da bandeira vermelha em julho pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o paraense, que atualmente paga a tarifa de energia mais cara do Brasil, terá custo adicional de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Atualmente, a tarifa paraense é calculada em cima do valor de R$ 0,938/kWh. Segundo Cássio Bitar, coordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública do Estado do Pará e presidente do Conselho de Consumidores de Energia do Estado do Pará (Concepa), a tarifa de energia do Pará é aproximadamente 30% acima da média nacional, que é de 0,740kWh, segundo a Aneel.
Cássio explica que, com o acréscimo da bandeira vermelha, consumidores mais pobres tendem a sentir o impacto de forma mais expressiva. Em 2024, o estado também teve a tarifa de energia residencial mais cara do país e segue no topo do ranking nacional. “Isso se deve à complexidade da concessão com altos níveis de perdas não técnicas, mas, sobretudo, a um modelo que desprestigia o esforço e impactos dos grandes projetos de geração de energia em solo paraense”, pontuou o presidente do Concepa.
A bandeira é definida pela Aneel e leva em consideração o volume de água que chega aos reservatórios, que está abaixo da média. O cenário compromete a geração hidrelétrica e pressiona os custos de energia, com a necessidade de acionar termelétricas.
Bandeira vermelha no verão amazônico pesa ainda mais no bolso do consumidor
O historiador e professor universitário Marcos Alexandre Ribeiro explica que, com a bandeira vermelha na tarifa, o valor pago em sua conta de luz residencial aumenta entre R$ 80 e R$ 100. A média do valor mínimo pago varia entre R$ 370 e R$ 480 na tarifa comum, dependendo do período em que ele permanece ou não em Belém em função de viagens pelo trabalho. Para ele, o valor elevado pago pelo consumo de energia é paradoxal, visto que o Pará possui duas hidrelétricas.
Por morar com mais pessoas e utilizar eletrodomésticos como central de ar condicionado, ferro de passar roupa, máquina de lavar e ventiladores, a solução é monitorar o uso de energia. “A gente tem que sempre estar observando nos cômodos. Se as pessoas entram, saem, não desligam a luz ou não desligam os aparelhos eletrônicos. Também tomar cuidado para desligar a tomada, porque manter no standby também consome cerca de 10%”, explicou o professor.
O aumento da conta de luz, entretanto, também ocorre durante o período do verão amazônico — que, em julho, irá coincidir com a bandeira vermelha. Ele explica que, com o aumento das temperaturas, os ventiladores da casa são mais utilizados. A central de ar, geralmente utilizada exclusivamente para dormir, também é ligada em outras horas do dia. Além disso, o período de férias escolares e laborais aumenta o uso da televisão e outros aparelhos ao longo do dia.
Junto da vigilância no consumo de energia da casa, o historiador também pontua que, eventualmente, existe a troca de aparelhos antigos que consumam muita energia e entreguem pouca eficiência. “Temos essa preocupação. Então, se a gente tiver uma máquina de lavar ou alguma geladeira que tenha até uma durabilidade um pouco maior, dado o momento, é mais interessante um certo investimento em um novo para poder economizar”, disse.