Ao todo, serão 3.652 vagas, sendo 3.144 para nível superior e 508 para nível intermediário, em 32 órgãos públicos federais
As inscrições para a segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) começam hoje. Os concurseiros que desejam participar do certame têm até 20 de julho para confirmar a presença.
O valor de R$ 70 para a taxa de inscrição é igual para todos os cargos e deve ser pago até um dia após o prazo final, sendo possível solicitar isenção até o próximo dia 8, no caso de beneficiários do ProUni e Fies, além de inscritos no CadÚnico e doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.
Para se inscrever, o candidato deve acessar a página de inscrição do CPNU (https://conhecimento.fgv.br/cpnu2). Para realizar a inscrição, é indispensável possuir uma conta ativa no portal GOV.BR, em qualquer nível (ouro, prata ou bronze) e CPF válido. Caso ainda não tenha, será necessário criar uma conta gratuitamente antes de iniciar o processo de inscrição.
Ao todo, o concurso vai ofertar 3.652 vagas, sendo 3.144 para nível superior e 508 para nível intermediário, em 32 órgãos da administração pública federal. Do total de vagas, 2.480 correspondem a vagas imediatas, enquanto que 1.172 serão de provimento em curto prazo. Publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União na noite da última segunda-feira, o edital da prova — também conhecida como “Enem dos Concursos” — está distribuído em 9 blocos temáticos, sendo 7 para nível superior e 2 para nível intermediário, com cargos que possuem remuneração inicial entre R$ 4 mil e R$ 18 mil.
Em relação à política de cotas, a nova edição estabelece regras mais rígidas para assegurar vagas para pessoas negras e pardas, indígenas, com deficiência (PcD) e quilombolas. Do total de vagas, 65% serão destinadas ao primeiro grupo, enquanto que para PcD, há uma reserva de 5%. Indígenas e quilombolas correspondem a 3% e 2% do total de cargos que serão preenchidos após o exame. Além disso, a segunda edição também prevê que, caso o percentual de mulheres classificadas para a segunda fase do concurso seja inferior a 50%, será feita uma equiparação.
Entre as novidades do CPNU para este ano, está a divisão em duas etapas: prova objetiva e prova discursiva, que ocorrem em duas datas diferentes. A prova objetiva para os blocos de nível superior (1 a 7) será composta por 90 perguntas, sendo 30 de conhecimentos gerais e 30 de conhecimentos específicos. Para nível médio (8 e 9), serão 68 perguntas, com 20 de conhecimentos gerais e 48 de conhecimentos específicos. O certame está marcado para o dia 5 de outubro, das 13h às 18h.
Os candidatos que forem aprovados na prova objetiva serão convocados para a prova discursiva, marcada para o dia 12 de novembro. Esta convocação vai considerar um limite de até 9 vezes o número de vagas ofertadas por bloco, considerando a reserva de vagas para cotistas. Para nível superior, a prova será dividida em duas questões discursivas, com o tempo total de três horas para responder (13h às 16h). Já para os blocos de nível intermediário, os candidatos deverão escrever uma redação dissertativa-argumentativa, das 13h às 15h. A segunda etapa ocorre no dia 7 de dezembro.
Outra mudança é a banca avaliadora, que ficará a cargo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao contrário da primeira edição, quando a responsável pela elaboração da prova foi a Cesgranrio. Com a definição da FGV como banca organizadora, especialistas acreditam que a prova será mais densa e analítica, com foco na interpretação crítica, na argumentação lógica e no domínio aprofundado dos conteúdos, como destaca a professora do Gran Cursos, Letícia Bastos. “A FGV tem um histórico de provas que exigem não apenas conhecimento teórico, mas também capacidade de análise, articulação textual e leitura precisa”, destaca.
Segundo a especialista, a FGV possui um perfil mais exigente e sofisticado: cobra interpretação de textos complexos, explora sutilezas semânticas e gramaticais, além de trazer enunciados longos, muitas vezes com “pegadinhas” ou alternativas semelhantes. “Na prática, isso significa que a prova tende a ficar mais difícil, sobretudo para os candidatos que não estão habituados ao estilo da banca. A exigência gramatical na FGV, por exemplo, vai além das regras básicas — ela trabalha com análise sintática, efeitos de sentido, coesão textual e uso refinado da linguagem”, acrescenta.
Na comparação entre Cesgranrio e FGV, a professora explica que uma das maiores diferenças entre as provas organizadas por essas bancas está na prova de língua portuguesa. Enquanto a primeira costuma focar em interpretação básica de texto e regras gramaticais aplicadas, a segunda exige domínio avançado da norma culta, análise sintática profunda, pontuação, coesão textual e vocabulário contextualizado, como explica Bastos. “A banca cobra, por exemplo, uso de pronomes, colocação, regência e concordância em níveis mais sofisticados, além de explorar elementos estilísticos e efeitos de sentido — o que demanda uma leitura muito mais crítica e técnica do candidato”, avalia.
Para a professora Aline Menezes, que também atua no Gran Cursos, ainda que os conteúdos sejam bem semelhantes em relação ao edital passado, o candidato precisa ficar atento à forma como a banca aborda os assuntos. “Costumo dizer que a FGV é uma banca que exige do candidato conhecimento e raciocínio, sendo as questões dedutivas, ou seja, não basta decorar, tem que ter conhecimento e saber interpretar”, explica Menezes, que ressalta, ainda, a importância de realizar muitas questões e estudar de forma assertiva.
Estratégias
Refém de uma rotina cheia e intensa, o candidato pode encontrar dificuldades para sentar e abrir o livro, ou o notebook, para estudar. No caso da Suyany Leite Da Silva, de 27 anos, graduada em pedagogia, o jeito é se virar pelos meios on-line, como o celular e o computador em determinados momentos do dia. Além do CPNU, que ela vai fazer pela primeira vez, Suyany também se prepara para a Prova Nacional Docente para Pedagogo e, para otimizar o tempo, ela aproveita a interseção de conteúdos entre os dois editais.
“Muitos temas, especialmente nas áreas de conhecimentos pedagógicos e educação, são comuns a ambos os exames. Isso me permite focar em blocos de estudo que servem para as duas provas, ajustando depois para as especificidades de cada uma”, conta a estudante, que tem o objetivo de ingressar no serviço público federal à procura de estabilidade financeira e que vê a prova do CPNU como uma “experiência nova e desafiadora”.
“Acredito que há excelentes oportunidades no concurso, reforçando o papel multifacetado do profissional da educação, que transcende o ambiente da sala de aula. O formato unificado, com a quantidade de vagas distribuídas em diversos órgãos e blocos temáticos, amplia significativamente as chances de aprovação e acesso a diferentes carreiras”, completa Suyany.
Para o professor da escola Até a Aprovação, Daniel Rebelo, a melhor estratégia para o estudante é definir o cargo mais desejado entre todos os disponíveis dentro do bloco escolhido. “Assim que definir, dê maior prioridade nos estudos aos eixos temáticos que possuem maior peso no cargo que você mais deseja. Mas atenção, isso não significa que você deve desprezar os outros eixos temáticos. É necessário passar a cobrir a maior parte possível dos conteúdos para ter maior chance de passar”, destaca.
O professor, que já foi aprovado em oito concursos diferentes e hoje é servidor do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), acredita que o melhor caminho para a aprovação é ter organização nos estudos e definir um caminho concreto. “Eu recomendo que o candidato defina um cronograma de uma matéria por dia. Acredito que isso ajuda a manter a ordem nos estudos. Ao longo de uma semana, ele pode dar mais dias para as matérias dos eixos temáticos que têm maior peso na nota final”, complementa Rebelo.
“O cronograma deve ser um aliado, não um vilão. É melhor ser flexível e adaptável”, destaca Dornela, que ainda aconselha aos estudantes resolver provas anteriores da FGV e praticar as habilidades nos conteúdos por meio de simulados: “É importante revisar com estratégia, criar um cronograma real a ser cumprido, priorizando conteúdos recorrentes, e manter uma rotina equilibrada de estudo, descanso e saúde mental”.
Fonte: Correio Braziliense