Segunda-feira, 30 de junho de 2025

Diretor e ator do filme Superman contam detalhes sobre a criação do personagem

O diretor James Gunn e os atores Rachel Brosnahan e David Corenswet falam ao Correio sobre o filme Superman, que estreia em 10 de julho

A garantia de um eixo e centro forte para alavancar um recomeço da DC Comics nos cinemas. Foi desse modo que o diretor James Gunn pensou, ao dar partida num roteiro do Homem de Aço, antes mesmo de ser contratado pela DC. Descolado de uma infância terrível ou de evento traumático, por meio da humanidade, veio a aproximação entre o ator David Corenswet e o personagem central do filme que estreia em 10 de julho. Gunn, Corenswet e Rachel Brosnahan vieram ao Rio de Janeiro para participar de uma força-tarefa de promoção do filme.

“De cara, você vê o herói como nunca imaginou: ele está sangrando, e testemunhamos o desmoronar de sua força, confiança e sistemática capacidade de despontar, salvando o dia. É um diferencial inesperado e realmente emocionante”, afirma o ator David Corenswet, que interpreta o Superman.

Também em permanente crise na fita está a repórter Lois Lane (Rachel Brosnahan), o par romântico de Clark Kent (a identidade terráquea do herói). “Adoro a história de amor deles. São de certa forma lados da mesma moeda. Ela traz a incapacidade de ser vulnerável, e eles precisam um do outro a fim de serem as melhores versões de si mesmos”, ressalta Rachel. A alegria é constante no Superman, quando leva em conta o trabalho e as responsabilidades que carrega. “Há super-heróis que sentem poderes como um fardo, ou que notam certo desprezo vindo do mundo. Superman simplesmente ama o que faz. Ele ama ser o cara apto a voar e salvar o dia de todos. Quando Lois faz perguntas difíceis, e o faz pensar, ele nota a necessidade disso. Ele não pode ser divertido em tempo integral”, pontua o ator.

“Esses dois já vieram com a química; no set, quando começaram a interagir. Simplesmente estava com tudo lá como se fosse eletricidade”, avalia James Gunn. Personagens firmemente enraizados em suas próprias visões de mundo renderam aos atores a paixão por cada aspecto das vidas de Clark e Lois, observa o diretor do filme que tem como vilão Lex Luthor (Nicholas Hoult). Com potencial para arrebatar fãs, o cachorro Krypto (o chamado Supercão) derivou de experiência pessoal de Gunn com o animal que ele adotou: Ozu, a princípio, pouco afeito ao contato com humanos. “Meses antes do roteiro, estava na fase de anotar ideias, e, nessa abertura, Krypto gera bagunça e torna as coisas originais e mais divertidas; escolhi Ozu pela orelha em pé, em vez de ter considerado a personalidade e elegância; no filme, ele entra como elemento louco e caótico”, diz Gunn.

A honra ao legado do personagem criado em 1938 não parece ter pesado para Gunn. “A verdade é que eu sempre sou o primeiro membro da (minha) plateia. Eu não ajo como um roteirista, exatamente. Sinto-me como um jornalista da minha imaginação: vou observando o que acontece na minha frente e fico anotando. Se fico indiferente a algo, se há o que me toque, se choro ou rio — sinto que funciona para o público também. Busquei o equilíbrio entre a novidade e ser fiel ao Superman e seus valores”, avalia.

Afeito à farta dose de realismo, o visionário James Gunn propôs situações inusitadas. “Na tela, meu rosto está salpicado de insetos por ele perseguir este realismo”, conta o astro David Corenswet. “Nós temos o Superman passando por nuvens, e tendo o cabelo respingado de água.

Eu tinha acabado de fazer Guardiões da Galáxia: Vol. 3 (2023). Era bem importante que fizéssemos o cabelo do Superman ficar bagunçado de um jeito nunca registrado antes em um filme”, adianta Gunn.

No rumo de modernizar personagens, Rachel conta ter acionado a natural porção nerd de pesquisadora que ela carrega. “Trago uma perspectiva de louvor pelo trabalho realizado por jornalistas. Particularmente, nos tópicos que envolvem ética e integridade jornalística. Isso é importante neste filme e acho que, talvez essas questões sejam agora mais fortes do que nunca, na contemporaneidade. Foi um grande privilégio pesquisar para a composição de Lois”, demarca.

Num papo que rende até mesmo questões sobre o poder que gostariam de ter — com David elegendo “voar, sem janelas ao redor”; Rachel com pendor pelo poder de visão com raios-x e James partidário da força descomunal —, sobressaem, entretanto, capacidades humanas. “No teste de cenas, queríamos cuidar um do outro, dar a garantia de um sentimento confortável. Mas há cenas que começam num turbilhão, e os personagens lidam, de pronto, com críticas mútuas e agitação”, reforça David. Carinho e tensão moldaram algumas das cenas de Lois e Clark. “A cena da entrevista entre ambos, eu adoro porque você consegue ver tantas cores diferentes não apenas nos personagens, mas também do relacionamento deles, apenas numa cena de 10 minutos. Nela, há ternura e paixão encravadas nas visões de mundo dos personagens que zelam por verdade e justiça”, resume a atriz.

Um ponto primordial na vida do diferenciado super-herói é a labuta no Planeta Diário, na pele de Clark Kent. “Nesse cotidiano, se revela o amor do Superman pela humanidade e seu desejo de explorar e experimentar o alcance de realmente ser uma pessoa. Quando ele se torna o Superman, sente falta de integrar um grupo normal de pessoas que vão trabalhar todos os dias. Se ressente de não ficar preso no trânsito, ou de ver seu trem atrasar… Ele ama essa parte de ser humano”, diz David Corenswet, que completa: “Parte da sua solidão e do seu sentimento de alienação em relação à humanidade revela um quê desta lacuna. Clark vem como oportunidade de fazer cosplay de uma pessoa normal, algo de que Superman realmente gosta”.

 

Fonte: Correio Braziliense